sábado, 1 de março de 2014

POEMA EM CONSTRUÇÃO




Agora entendi o que disse meu amigo Matuto quando contemplávamos o poente... "Vamos colher, acesos, uma boca de noite úmida com todo hálito de breu, mas também uma aurora dadivosa e reluzente."

À tardinha choveu torrencialmente e trovões bradaram pancadas luminosas, perto e longe, despertando estados de alerta. Varamos a noite em vigília, ele e eu. Já é dia claro. E isso reacendeu a gente. Colhemos uma clara manhã chuvosa com os passarinhos.

Meu amigo tem disso. Muitas vezes se firma aceso e, de lampejo em lampejo, vara noites assuntando. Eu o observo, também alerta, mas folgadamente. Curto sossego. Afinal, dá pra assuntar cochilando; ainda mais quando se tem um bom motivo para fechar os olhos e ver noutro sentido, bailando em espírito com a música de chuvas que se firmam brandas e esparsas depois de temporais, varando noites, embalando a gente.

Como amanheceu, devo servir-lhe um café fresquinho. O cheiro já se espalhou pela casa e foi passear no terreiro, onde meu amigo tem um assento de pedra.  É lá que, geralmente, em silêncio, na esteira de auroras colhidas depois de noites em que se emendaram poentes, com ou sem céu repleto de estrelas, ele costuma me soprar motes de versos e ensinamentos.

Eu ouço em silêncio, assimilo, ancoro, sem pressa. Pressinto o poema em construção como a vida que pulsa no compasso universal das esferas. Sei que a hora de zarpar, de por pra fora, em si mesma se revela. Motes se moldam como se moldam, nela.

Araras passaram agora mesmo aqui, tão perto. Notei que voavam baixo, rasgando o ronco musical do riacho polindo pedras e assanhando mais o coro de pássaros.  Voei com elas até onde a vista alcançou. Depois voltei o olhar para o meu amigo. Ele me espiava... olhar comprido... riso terno.  “Bom dia!”, me falou em pensamento. Eu respondi, também em pensamento... "Bom dia!!!"

sábado, 22 de fevereiro de 2014


Como se fosse a própria aderência do verde viçoso na pedra, Curumim escala com os olhos paredões onde o musgo medra. Assunta o ronco da cachoeira como canção de chuvarada. Espia rebuliços de ventania imaginária no ventinho frio que beira os precipícios. Faz da brisa que arcoirisa ao sol uma suave tempestade. Sobe do chão ao topo, menino alado, como se sobrevoasse imenso vale. De pés no chão arremessa-se em espírito ao espaço. Dá piruetas no azul infinito e volta em rasantes. Depois tibunga de peito, de bunda, deslizando em ondulados mini gramados repletos de sereno da manhã ensolarada. Curumim é um só ser com os encantados.

sábado, 11 de janeiro de 2014

O TEMPO NOS MOLDA A FORMA PASSAGEIRA





O tempo nos molda a forma passageira. Neste mundo tudo muda o tempo inteiro. Pois é.

O projeto SEARA LÚDICA segue seu curso: semear para colher de modo prazeroso e criativo no campo da literatura, da música, do humor e da fotografia.

Eu e o meu amigo matuto em breve vamos percorrer algumas cidades tocantinenses com uma série de oficinas interessantes. Entre elas, sopro e confecção artesanal de instrumentos. Aguardem!

Até!