As praias altas são de bordas soltas que se derramam por sulcos nos canais que unem braços do rio espraiado. O tempo e o vento se encarregam de modelar as beiradas, revelando paisagens inspiradoras.
Meu amigo matuto sabe disso e, contornando tais praias, fotografa de ângulos sempre mais baixos. Seguramente para ressaltar formas e dar a elas dimensões imaginárias.
Agora mesmo ele me enviou estas duas acompanhadas dos seguintes versos. Pois é...
que se derramam pelas fendas
em bordas de líquidas contendas
com quantos dias de vento
te modelam a formosura
e de duna te dão estrutura?
de que forma te sustentas
desde a beirada rasa
solta sob o sol em brasa?
a liga de tuas camadas
de mini-paredões que invento
foi feita de que cimento?
com que rimas devo emendar
no mar de palavras frio e vário
este meu repente desnecessário?
ó praia de grãos movediços
eu sou o canto de teus rebuliços